Moro: "Lula sem Bolsonaro não vale bosta nenhuma"

Até Eduardo Paes e a ala bolsonarista da Polícia Federal se doeram


Quem esteve numa incubadora digital e não sabe o que aconteceu, vou explicar da maneira mais simples possível: ontem, o Moro foi no Pânico, aquele programa inimigo do humor da Jovem Panos, comandado por um Emílio gado que é desde que Bolsonaro estava no último mandato de deputado antes de assumir a cadeira no Planalto.

E fez o que faria qualquer pessoa com dois ou mais neurônios funcionando normalmente: surrou o Bolsonaro e o Lula até ambos dizerem chegaO que mais surpreendeu nessa visita foi a desenvoltura de Moro para sair de enrascadas promovidas indiretamente pelos grupos bolsonaristas de WhatsApp. Desse jeito, até o Ciro vai arregar e querer fugir dos debates! Em outras palavras, o que nem Ciro tem coragem de falar o Moro falou:
"O Bolsonaro faria um favor para o país se pegasse o boné e fosse para casa, porque ele está elegendo o Lula."

"Não vamos correr esse risco de segundo turno com Lula e Bolsonaro, o brasileiro não tem vocação para o suicídio."

"Eu sou totalmente contra censura, controle, xingar jornalistas, xingar mulheres jornalistas que é a predileção infelizmente do BolsonaroSe o Lula ganhar vocês vão ganhar novos companheiros aqui escolhidos pelo estado."
Agora, a coragem vista em Moro não é vista no vagabundo, ladrão e quadrilheiro que atende pelo nome de Luiz Inácio Lula da Silva. Este também esteve falando pra uma rádio, só que a Rádio Banda B, de Curitiba. Mas antes da entrevista do chefão do Mensalão, vamos a dois tweets do dito cujo:
"Falta eu me definir como candidato e Alckmin escolher partido. Se o Alckmin como meu vice me ajudar a governar, não vejo nenhum problema dele ser meu vice. As divergências serão colocadas de lado, porque o desafio, mais que ganhar, é consertar o Brasil."
Primeiro: Lula já foi definido como candidato pelos seus pelegos e influencers politicamente cabaços que o querem de volta à presidência, ou seja, não precisa se definir. Segundo: não era o próprio Lula que via o Alckmin como problema para o país até 2 segundos atrás? Tá esquisito.

Terceiro: não vai consertar nada, só vai terminar de venezuelizar o Brasil, processo iniciado por ele próprio entre 2002 e 2010, continuado por Dilma entre 2011 e 2016, de alguma forma interrompido por Temer entre 2017 e 2018 e retomado com enorme êxito por Bolsonaro desde 2019.

O segundo tweet foi direto pro Corinthians:
"Eu gostava do Silvinho, achava ele muito sincero. Se você não contrata jogador, você não ganha jogo. Não precisa procurar ninguém em Portugal. Tá cheio de gente aqui para trabalhar. Só não pode contratar um técnico e no segundo jogo que ele perde mandar embora."
Foi aqui que baixou o palestrante da Odebrecht no sujeito. Neste caso, mesmo sendo Mengão até morrer, concordo com o Craque Peppa Pig: Sylvinho não serve pra ser treinador, mesmo sendo boa pessoa. Ele é sincero, mas não tinha noção do básico do básico do básico: quem comanda o Corinthians não é a torcida, e sim o grupete do Sr. Andrés Sanchez, que aprendeu a ser péssimo gestor justamente com o molusco de 19 dedos.

Agora sim, vamos à entrevista do salafrário na Banda B. Sobre as reformas previdenciária e tributária:
"Mas quem é que disse que o Brasil precisava das reformas? Quem disse isso era um setor empresarial que queria se desfazer do país inteiro (...). Isso não é reforma. É só olhar os números. (...) Em 2014, a previdência social era superavitária. Nós temos o problema da previdência, que, se você não tiver emprego, não tem contribuinte. Se você não tiver contribuinte, a previdência vai ser deficitária. A reforma que algumas pessoas desejam é desmontar o estado brasileiro."
Quem é que disse, então, que o Brasil precisava desse vagabundo, ladrão e quadrilheiro livre, com as provas e o julgamento indevidamente anulados? Desmontar o Estado e sustentar com o dinheiro público desviado para construtoras "miguxas" as reformas do sítio de Atibaia e do tríplex do Guarujá, casos que sim, tinham provas, porém todas rechaçadas pela cambada de lambe-saco do molusco, sempre foi o afã de Lula. Aliás, o partido que mais deve à Previdência Social é o PT. Vai ver é por isso que o "honesto" é contra a Reforma da Previdência.

Sobre as negociatas com parte do Centrão para sua "pobrinha" campanha de regresso:
"Se não é para conversar com quem não votou no impeachment da Dilma, você não tem com quem conversar porque 90% da classe política votou no impeachment. Se eu ficar pensando só nisso, eu então estou paralisado diante da política."
Óbvio, porque os 10% que ficaram estão, até agora, chamando o deputado Kim Kataguiri (Podemos) de nazista com provas totalmente forjadas. Sobre Moro:
"O papel que ele está fazendo em cada entrevista é tão ridículo que eu quero que ele se exponha mais. Eu quero que ele se coloque na frente da imprensa para se desnudar, aquele homem sem toga não vale nada."
A tática do Lula é um tiro de bazooka no pé. Afinal, o lazarento deseja do Moro o que ele mesmo não faz: abrir as contas em público pro país inteiro e não pra dois ou três gatos pingados; dizer a verdade sobre a própria gestão, que só criou programas populistas para encobrir escândalos públicos; provar, até pros eleitores mais ingênuos, com documentos firmados, registrados e averbados na matrícula que é a "vivalma mais honesta desse país". Mas ele faz isso? Não, pois seu aprendiz, Jair Bolsonaro, segue todos os seus passos.

Se para Lula, Moro sem toga não vale nada, pra qualquer eleitor isento, sensato, apartidário e doido pra ver Lula e Bolsonaro se abraçando e chorando a derrota dentro de uma cela 3x4, Lula sem Bolsonaro não vale bosta nenhuma. Tanto é que ambos estão fugindo dos debates e atacando Moro pelas costas porque sabem que não tem provas contra a veracidade dos fatos que ambos criaram.

Moro até fez questão de responder Lula depois: "O destempero do Lula confirma o que sempre pensei: ele tem medo da Lava Jato e do que o meu projeto representa. Não preciso da toga para enfrentar ninguém. A verdade basta."

O Moro vai ter que dar mais respostas. Primeiro a Eduardo Paes, que disse no Roda Viva que o ex-juiz "(...) não faz ideia do que é o Brasil". Bem que o Paulo Maluf tava certo em 1990: aquilo não é Roda Viva, aquilo é Roda Morta. Se o Moro não faz ideia do que seja o Brasil, pelo menos ele já sabe quem é o "Nervosinho" das planilhas da Odebrecht.

E depois, responder à nota fria da Polícia Federal, que disse que o Moro mentiu na Jovem Panos ao afirmar que "hoje não tem ninguém no Brasil sendo investigado e preso por grande corrupção".

A nota, assinada pela corporação embora escrita sabe-se lá por qual PF bolsonarista, rebateu dizendo que "(...) A Polícia Federal efetuou mais de mil prisões, apenas por crimes de corrupção, nos últimos três anos. Neste mesmo período, a PF realizou 1.728 operações contra esse tipo de crime. Somente em 2020, foram deflagradas 654 ações —maior índice dos últimos quatro anos." Então por que não prenderam Jair, Flávio, Eduardo, Carluxo, Lira, Calheiros e tantos outros? Essas seriam as maiores provas de que a nota é verdadeira.

Não estou generalizando, afinal, a PF é um órgão que, apesar de ser de competência do Governo Federal, deveria ter sua independência, o que não ocorreu como todos já sabemos. Mas mentir sobre as próprias ações é um claro sinal de que quem escreveu essa nota fria é, alegadamente, gado concursado, diga-se de passagem. O trecho a seguir comprova tal alegação: "(...) Negou conhecê-la quando teve a chance. Enquanto ministro da Justiça, não participou dos principais debates que envolviam assuntos de interesse da PF e de seus servidores."

Certeza que ninguém da Polícia Federal assistiu quando, em dado momento da conversa, ele falou que o trabalho dele no Ministério da Justiça foi tolhido e que não conseguiu impedir que Bolsonaro interferisse na PF, trocando ou demitindo diversos delegados que se atrevessem a tocar num só fio de cabelo dele ou dos seus filhos igualmente corruptos.

"(...) Moro também faz ilações ao afirmar que ‘esse é o resultado de quantos superintendentes eles afastaram e que estavam fazendo o trabalho deles’. O ex-ministro não aponta qual fato ou crime tenha conhecimento e que a PF estaria se omitindo a investigar. Tampouco qual inquérito policial em andamento tenha sido alvo de ingerência política ou da administração. (...)" Peraí, vocês acham que o Sérgio Moro conseguiria falar, em pouco tempo, absolutamente todos os inquéritos que vocês se omitiram a investigar (e que estão diretamente relacionados à família Bolsonaro) durante um programa de duas horas onde o que reina é a defesa imbecil da péssima gestão de Jair Bolsonaro? Assim vocês denigrem a própria corporação na qual trabalham.

Mas cá entre nós, isso que é coragem, a Polícia Federal respondendo ao Moro desse jeito?! "Por fim, a PF — instituição de Estado — mantém-se firme no combate ao crime organizado, à corrupção e não deve ser usada como trampolim para projetos eleitorais." Ah, por favor, né? Se tivessem coragem de verdade, teriam dito isso a Bolsonaro, que entrou em campanha para a reeleição já no seu primeiro dia de mandato.

Sérgio Moro já sabe o que fazer. Além de continuar batendo em Lula e Bolsonaro até que eles sejam devidamente massacrados nas urnas, tem que responder ao Nervosinho Paes e à nota bolsonarista da PF e, quando quiser, encarar Ciro Gomes, a terceira via da esquerda.
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Atualização: se confirmou o que eu já sabia. O "ghostwriter" da nota fria da PF é o deleGADO Paulo Maiurino, que foi colocado como chefão da corporação pelo genocida. Moro o respondeu à altura como deveria.