O castigo vem à jato

Queda na receita do YouTube é uma paulada na cabeça dos seus administradores


Pois é, meus amigos. O grupo Alphabet, dono desta plataforma, bem como do Google e do YouTube, teve uma queda braba na receita. Segundo o portal Notícias da TV, a receita do grupo no quarto trimestre de 2022 caiu 3,6% em relação ao mesmo período de 2021. O YouTube, por sua vez, viu seu número de vendas recuar 7,8%, com saldo de US$ 8 bilhões (ou R$ 41 bi). Pois bem... o castigo vem à jato.

Não foi a guerra na Ucrânia ou outro fato relevante que foi o principal motivo para essa queda na receita. A culpa é do próprio grupo Alphabet. As políticas do YouTube, cada vez mais agressivas aos criadores de conteúdo, bem como a falta de critérios em relação ao combate às fake news do Google, colocaram em risco a saúde financeira do conglomerado.

Se, no YouTube, houvesse uma política justa, que beneficiasse tanto os criadores de conteúdo como os fornecedores, que fosse mais amigável com outras plataformas de vídeo ao invés de vê-las como inimigas, que fosse mais tolerante com palavras nos vídeos e menos com ações que de fato prejudiquem a plataforma, ou se no Google sites como o TV Foco (por exemplo) nem aparecessem no mecanismo de buscas, talvez não se tivesse essa queda, muito pelo contrário, aliás.

A força-motriz do grupo Alphabet são essas duas plataformas que, apesar dos pesares, seguem sendo o motor de busca e a plataforma mais acessados dos últimos anos. Por isso, um investimento maciço nos dois só deveria ser aplicado se o proposto no parágrafo anterior fosse uma realidade e não apenas uma utopia.

E, diferentemente do que a notícia publicada pelo Notícias da TV diz, a Globo está, sim, incomodada pelo fato da FIFA (e não só da FIFA) ter cedido direitos de transmissão a um dos maiores streamers que este país produziu. Tanto que a campanha mais recente de divulgação da transmissão do Mundial de Clubes era, de fato, uma provocação a Casimiro Miguel.

Agora, a Globo pode ficar revoltada por causa disso, mas quer calar muitos quando vê um acordo feito pelo filho duma égua que preside a CBF, Ednaldo Rodrigues, sendo totalmente beneficiário à Globo. "Ain, mas a Série B..." Eu não tô falando de Série B, pra ficar claro. Eu tô falando do filé mignon: Série A, Copa do Brasil e Supercopa. É disso que eu tô falando: um presidente altamente tóxico fazendo a CBF abrir o rego pra Globo é de uma baixeza sem tamanho.

Porém, há um porém aqui: não podemos descer o cacete só no nosso representante. O próprio presidente da FIFA, Gianni Infantino, que tem deixado claro que é mais um mafioso no comando da maior instituição futebolística do planeta, está relevando os casos de racismo cometidos contra Vinícius Júnior, atacante do Real Madrid, na Espanha, mas quer punir os goleiros que, como Dibu Martínez, campeão do mundo com a Argentina em 2022, desestabilizam o cobrador de pênaltis adversário. O futebol está cheio de filhos duma égua, mas o torcedor é que fica com cara de cavalo.

Mas, voltando ao assunto do qual me desviei pra fazer esse desabafo. Há muitos fatores que expliquem a queda nas vendas do YouTube:
  • a falta de ajuda a criadores de conteúdo realmente pequenos (e eu sou um deles), com menos de mil inscritos e 4.000 horas de transmissão;
  • a fixação em se apegar às leis dos Estados Unidos ao invés de adaptar a plataforma de acordo com as leis de cada país;
  • a falta de critérios na escolha de pessoas para a revisão humana;
  • a política injusta de monetização de canais, que beneficiam apenas os grandes conglomerados de mídia pois, ao invés de dividir a receita com quem é o dono do conteúdo incluso no vídeo, bloqueiam o vídeo do criador de conteúdo...
Enfim, são esses fatores e alguns outros tantos que não caberiam num artigo.

E quanto ao Google, é aquilo que eu já falei e repito: a segurança do buscador deixa a desejar no combate às fake news. Há portais que vivem disso (e muitos até estão inventando provas, por isso, tomem cuidado) e mesmo assim não são 100% vasculhados pelo grupo Alphabet. É preciso que as fake news sejam combatidas ao redor do mundo.

Fizessem como Elon Musk fez quando comprou o Twitter: vazou diversos dossiês que muitos especialistas fizeram ao investigar as sujeiras no passarinho azul e retirou a equipe do Brasil quando viu Alexandre de Moraes excluir contas relacionadas aos golpistas da extrema-direita e seus funcionários beneficiarem a esquerda que agora manda no país. Além disso, provocou uma revolução no Twitter, da qual muita gente (adoradora de extremista, a bem da verdade) é contrária.

Se o grupo Alphabet tivesse feito 1% do que Elon Musk fez, talvez não precisasse passar por 100% do que está passando com sua receita agora.