Dia 2 da guerra. A Selena Gómez é uma boa profissional… o que atrapalha ela é o fandom!
Pois não é que resolveram cutucar numa ferida que eles mesmos abriram? Acharam um vídeo de 2008 onde Fernanda Torres fez blackface, o que é uma prática de cunho racista. E quando eu digo exatamente no plural, é porque a cambada de vagabundo que se diz fã da Selena Gómez resolveu atacar a indicação de Fernanda ao Oscar nesse ponto aí. Fernanda, mais uma vez, caindo na isca, se desculpou por tal. E até jornais como o New York Post postaram o acontecido.
Mas por acaso alguém ouviu que Zoe Saldaña, cuja figura também estava em Emilia Pérez, se desculpou por ter feito blackface naquele filme onde ela mesma interpreta Nina Simone?
Sim, este filme é de 2016, portanto, ano do auge do debate público sobre intolerância e desigualdade racial. O filme Nina não foi aprovado pela família da cantora e ativista, tampouco pela comunidade afro-americana e pela crítica especializada que hoje puxa-saco de Emilia Pérez. Porém, Zoe não só não se desculpou pelo blackface como também se defendeu e disse que estava feliz por ter filmado Nina.
Como devem se lembrar, Karla Sofía Gascón, protagonista de Emilia Pérez, pedira a Fernanda que pedisse a seus fãs para pararem de “atacá-la”. Porém, repito, não são ataques, e sim críticas do próprio povo mexicano aos malditos estereótipos que o filme francês (repito, francês) imprimiu em tela. Não contente em não aceitar que não é uma boa atriz, vide que Maria Clara Spinelli, também trans, tem uma interpretação muito mais convicente que a dela (eis a série _Supermax_, definitivamente subestimada pelo público brasileiro), ela me solta isso no Twitter:
Ou seja, ela não compara somente as críticas do povo mexicano com o pior período da história da Alemanha, também o faz com a comunidade trans. E tal tática é usada com maestria por Selena Gómez, que convence mais ao público em Only Murders In a Building que nessa bosta que os fanáticos por ela chamam de filme. Sim, porque Selena chorou em relação às deportações realizadas por Trump, as quais Claudia Sheinbaum, que se mostrou uma decepção em relação à sua gestão na presidência do México, rejeitou. Porém, depois, ela apagou o vídeo, que levou uma chuva de réplicas e tréplicas dos detratores de Emilia Pérez (aos quais me incluo), e se vitimizou nos Stories do Instagram alegando “falta de empatia”.
Pois bem, como resposta aos defensores desta merda, fiz questão de traduzir livremente um fio construído no Twitter pelo perfil “El Secretario de Eugenio”, o qual fala diretamente sobre esta bosta que a crítica americana (e os fãs de Selena Gómez) chamam de filme. O administrador de tal perfil viu o filme com o olhar crítico que a crítica americana e os baba-ovo da Selena não viram. Com a palavra, o secretário do Eugênio.
Como promessa é dívida, aí vai minha crítica construtiva daquele que possivelmente seja o pior filme mais premiado da história do cinema, um verdadeiro truque francês daqueles que marcam época. Uma autêntica bosta inaceitável: Emilia Pérez. (cada vez que eu tenho que escrever o título tenho que pesquisar se é Pérez, González, Gómez, González porque até o título é um patético estereótipo ruim de solenidade).Como eu disse, o filme é francês. O diretor/roteirista é francês, a compositora da trilha sonora é francesa (é um musical), o fotógrafo é francês, a editora é francesa, a coreógrafa é francesa e foi produzido integralmente em Paris. “Ah, então a trama deve ser sobre algum assunto francês”. Não. Do México. Mas pra que eles vão pra lá? Conta uma história mexicana, com personagens mexicanos e ambientação no México. “Bom, o elenco é mexicano”. Ehm. Não… Acho que só tem uma mexicana e é um personagem bastante secundário. Pra quê?!Já lhes falei que é uma merda. Tem 13 indicações ao Oscar, nessa feroz determinação que a Academia tem de desacreditar seus próprios prêmios ano após ano. Enfim, o imbróglio: se eu lhes digo que a trama é sobre um chefe do narcotráfico que simula a própria morte, muda de sexo e logo se reencontra com a mulher e os filhos mas sem dizer que é ele, vive com eles (lhes diz que é a prima do falecido), eles não o reconhecem, funda uma ONG e se regenera, e no final morrem todos ou quase todos.“Ah, um enredo de uma divertida tragicomédia”, vocês dirão. Não, não. Isso é sério. O roteiro é isso e é de um filme sério. É sério: vamos com o roteiro. Pode ser resumido em: história inverossímil, mal desenvolvida, com personagens totalmente planos (logo falamos do elenco) e um final que é um deus ex machina: o roteirista acaba com o/a protagonista, com sua esposa e com o amante da esposa de uma vez só porque não sabe como acabar com esta merda.Os diálogos parecem ter sido literalmente tirados de uma novela venezuelana de terceira. Coisas do tipo “como puede haber sido tan ingrata” e coisas ridículas do estilo. Inclusive, há erros de tradução, porque o roteiro original é francês e o filme é rodado numa tentativa de espanhol/mexicano. Pelo menos é isso o que parece, exceto Selena Gómez que, todavia, não sei em qual idioma fala, acho que é algum dialeto de cabra alcoolizado de San Francisco entupido de fentanil tentando falar espanhol.Vamos ao elenco. A principal, Karla Sofía Gascón. Santo Deus! Aliás, não me interesa que seja trans. Simplesmente essa pessoa não é uma atriz. Não pode ser. Por favor, falemos sério! Não tem dicção, não articula, seu registro é limitadíssimo. Só sussurra. Nem falemos de quando pretende cantar. Certo, começamos com um casting vergonhoso. Ou não. Porque talvez o truque seja que ele tem pênis e se veste de mulher. Digo talvez. Que talvez montaram todo o embaraço em torno desse fato. Talvez o filme seja o menor dos problemas. De Selena Gómez já lhes comentei. Uma Disney girl. Até ela pediu desculpas por mal ter tempo de aprender espanhol. Inconcebível! Na minha opinião, só se salva a única que é realmente atriz: Zoe Saldaña. Que também não é mexicana. Mas pelo menos sabe cantar.Passemos à fotografia. Lhes disse que os exteriores do México foram feitos todos em Paris? Sim, sim, eu acho que sim. Pois o meu resumo da fotografia é: eu acho que o fotógrafo pensou que na pós-produção iam poder consertar as merdas. Passei o filme inteiro tentando dar mais luz à tela quando já estava em 100%, e mesmo assim não se via nada. E essa paleta amarelada para que pareça que o México é decrépito e miserável é insultante e inquietante em partes iguais. Do som prefiro nem falar, mas ele inclusiva se distorce em várias ocasiões.Vou direto pra montagem, que também foi indicada. Faz tempo que eu não vejo num filme erros de montagem como os que aparecem nesse. Cortes abruptos, transições compridas, inclusive até achei que vi duas cenas desordenadas no tempo (quando aparece a notícia da morte do “Manitas” mas antes sua mulher seus filhos já tinham fugido pra Suíça). Enfim… A música (já falei que é um musical?) é horrível, as músicas parecem compostas por estudantes do secundário que tentam rimar “gato” com “pato” e mesmo assim não conseguem!Resumindo: o filme é um espanto vergonhoso, sem prêmios passaria totalmente despercebido, não convida a refletir sobre absolutamente nada porque parte de uma solene besteira, o fundo do protagonista criminoso que começa uma vida nova é algo carente de originalidade, mas nem sequer é capaz de desenvolver uma boa história a partir daí. Um pastiche cheio de bobagens e simplicidades que pretende ser transgressor mas chega tarde em tudo. Alguns Oscars lhe serão dados, não me surpreenderia que vários, de verdade acho que o filme foi rodado pensando nos discursos contra Trump durante a cerimônia de premiação. Veremos.